Ex-presidente do PSDB recebe pena de 20 anos de prisão no caso indevidamente apelidado de “mensalão tucano”
Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas Gerais(Marcio Fernandes/AE/VEJA) |
Ficou
conhecido como "mensalão tucano" o caso pelo qual o ex-governador de
Minas Gerais Eduardo Azeredo foi condenado na semana passada a vinte anos de
prisão. O nome, um contraponto ao mensalão maior, se justifica por um motivo.
Nesses dois escândalos, o operador principal era o mesmo, o publicitário Marcos
Valério. Ele usava suas agências para fechar contratos fictícios com órgãos de
governo e repassar o dinheiro recebido a políticos. No caso de Azeredo, a
acusação é que estatais mineiras assinavam acordos de fachada para que empresas
de Valério organizassem e divulgassem eventos esportivos por elas patrocinados
- o dinheiro recebido pelos serviços não prestados teriam abastecido a campanha
de reeleição do ex-governador e ex-presidente do PSDB em 1998. Por operar
esquema semelhante para o PT, Valério foi condenado a 37 anos de prisão.
E terminam aí as
coincidências entre os mensalões.
Em Minas Gerais, o
desvio de verbas públicas, segundo a acusação, serviu unicamente para abastecer
o caixa dois de uma campanha estadual derrotada. Não havia nada parecido com um
"mensalão" propriamente dito - a expressão celebrizada por Roberto
Jefferson definia a mesada que o governo Lula pagava a dezenas de congressistas
em troca de apoio em votações.
Os valores envolvidos nos
dois casos também não guardam semelhança. Em Minas, o desvio comprovado foi de
3,5 milhões de reais. No mensalão, os cofres públicos foram assaltados em 170
milhões de reais - o que fez dele o maior escândalo de corrupção da história do
país, título perdido apenas com o surgimento do petrolão e suas cifras
biliardárias. Outra diferença fundamental: o mensalão teve 38 réus e 25
condenados pelo Supremo Tribunal Federal. O caso de Azeredo tem dez réus,
nenhum deles com condenação definitiva.
O ex-governador renunciou
ao mandato de deputado federal no ano passado. Com isso, deixou de ter foro
privilegiado e conseguiu fazer com que seu processo voltasse à primeira
instância, em que há mais chances de recurso. O tucano completa 70 anos em
2018, e assim os prazos para a prescrição dos crimes pelos quais foi condenado
caem à metade, o que deve beneficiá-lo. Dois envolvidos no caso já se valeram
da prescrição por idade antes mesmo de serem julgados e escaparam: Cláudio
Mourão, que foi o tesoureiro da campanha, e Walfrido Mares Guia, coordenador da
campanha e ex-ministro de Lula, ambos com mais de 70 anos. Azeredo, hoje
diretor da Federação das Indústrias
do Estado de Minas Gerais, nega as acusações e diz que vai recorrer da
sentença.
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