País foi ultrapassado pelo Sri Lanka e fica na 75ª posição entre 188 países; Brasil melhorou na expectativa de vida, mas piorou na renda per capita
IDH leva em conta expectativa de vida, escolaridade e renda per capita(Yasuyoshi Chiba/AFP) |
Após
subir três degraus entre 2009 e 2014, o Brasil perdeu uma posição no ranking do
Índice do Desenvolvimento Humano (IDH) deste ano, segundo o relatório da
Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta segunda-feira. O país foi
ultrapassado pelo Sri Lanka, ocupando a 75ª colocação, entre 188 nações.
O índice mede o
desenvolvimento humano por meio de três componentes - expectativa de vida,
educação e renda. Apesar de descer um degrau, o Brasil registrou uma melhora no
IDH, passando de 0,752 em 2013 para 0,755 em 2014. Quando mais próximo de 1,
maior o IDH.
Mesmo assim, o Brasil
ainda continua bem atrás de países latino-americanos como a Argentina (40°),
Chile (42°), Uruguai (52°), Cuba (67°) e a Venezuela (71°). O primeiro lugar no
ranking pertence à Noruega, seguida por Austrália e Suíça. Em último, aparece o
Niger.
A coordenadora do
Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional, Andréa Bolzon, afirmou que a
queda do país se deve ao ritmo de crescimento mais acelerado de outros países.
"Apesar de o Brasil ter crescido no IDH, outros países cresceram em ritmo
um pouco mais acelerado que o nosso. A isso se deve nossa queda",
explicou.
Dentre os indicadores, o documento mostra que o
Brasil melhorou na expectativa de vida, de 74,2 para 74,5 anos, mas caiu na
renda per capita, de 15.288 para 15.175 dólares - desde 1990, o país não tinha
uma retração nesse componente. Andréa, no entanto, afirmou que a crise
econômica pela qual passa o país atualmente pode ter um impacto mais negativo
sobre o IDH no próximos ano. "Agora, daqui para a frente, precisamos
aguardar para ver como as coisas vão se refletir no relatório", afirmou.
Bolsa
família e PAC - O relatório de 272
páginas menciona o Brasil dez vezes. Em três delas, a referência é ao Bolsa
Família, programa social do governo federal lançado no ano de 2003. O documento
afirma que, "apesar das preocupações iniciais de que a transferência de
renda poderia causar declínio nas taxas de emprego, a experiência tem sido
encorajadora" e "pode ser replicada em outras partes do mundo".
O documento destaca que desde seu lançamento, o programa permitiu que cinco
milhões de pessoas deixassem de viver na pobreza extrema.
O Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) também é citado como uma iniciativa que poderia reduzir a
desigualdade de oportunidades. "Com os incentivos corretos, o setor
privado pode ser induzido a cumprir um papel importante na construção de
infraestrutura física. Esses investimentos vão imediatamente criar trabalho
para trabalhadores pouco qualificados."
Trabalho
- O tema central do relatório neste ano é "O
Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano", uma relação que nem sempre
é automática: no mundo inteiro, há 168 milhões de crianças em situação de
trabalho infantil, 21 milhões de pessoas submetidas ao trabalho escravo e 30
milhões de empregados em setores que oferecem riscos, como os trabalhos em
minas.
Mais: 830 milhões são
trabalhadores pobres, ou seja, trabalham, mas vivem com menos de 2 dólares por
dia. Do levantamento com índices oficiais dos 188 países, concluiu-se que mais
de 204 milhões estão desempregados. Os jovens respondem por 36% do total.
Apesar desses indicativos, o relatório afirma que, nos últimos 25 anos,
"graças à melhoria na áreas de saúde e educação, além da redução da pobreza
extrema", 2 bilhões de pessoas deixaram os baixos níveis de
desenvolvimento humano no mundo.
Veja.com
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