Para o chefe do MP, há indícios suficientes de que o peemedebista tem utilizado o cargo para travar investigações da Lava Jato
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot(Ueslei Marcelino/Reuters) |
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou nesta quarta-feira no
Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de afastamento do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o chefe do Ministério Público, ele deve ser
retirado de seu mandato parlamentar e, consequentemente, da presidência da
Câmara dos Deputados. Para Janot, há indícios suficientes de que o peemedebista
tem utilizado o cargo de congressista para travar investigações sobre o
bilionário escândalo de corrupção do petrolão. Nesta terça, para colher provas
contra políticos suspeitos de atuar para blindar as apurações da Operação Lava
Jato, a Polícia Federal deflagrou a Operação Catilinárias, cumprindo 53
mandados de busca e apreensão na casa de diversos políticos, essencialmente do
PMDB - Cunha incluído.
Na avaliação de Janot, o
afastamento de Eduardo Cunha é crucial para "garantir a ordem pública",
a regularidade das investigações e a atuação normal das investigações do
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O processo deverá ser analisado pelo
Plenário da Corte. No pedido de afastamento do cargo, o Ministério Público diz
que as suspeitas contra Eduardo Cunha são "anormais" e que as
acusações contra ele de manter dinheiro de propina em contas secretas na Suíça
e de ter recebido propina de operadores do esquema do petrolão podem acarretar
a perda do mandato. Ao todo, Rodrigo Janot diz ter reunido onze situações em
que Eduardo Cunha usou seu mandato para travar ou pelo menos atrasar as
investigações da Lava Jato.
Entre as acusações de que
o peemedebista utilizava seu mandato para barrar investigações está a coação de
testemunhas e de delatores do esquema do petrolão. Em depoimento ao juiz Sergio
Moro, o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Operação Lava
Jato, disse que foi ameaçado sucessivamente pelo deputado licenciado Celso
Pansera (PMDB-RJ), que atuava como aliado de Cunha na CPI da Petrobras. O então
parlamentar, hoje ministro de Ciência e Tecnologia, foi o autor de
requerimentos na comissão de inquérito para quebrar sigilos telefônicos,
bancários, fiscais e telemáticos das duas filhas de Youssef e da ex-mulher
dele.
O também delator da Lava
Jato Julio Camargo, que disse que Eduardo Cunha recebeu 5 milhões de dólares em
propina em troca de contratos na Petrobras, informou que não revelou antes o
pagamento de dinheiro sujo ao peemedebista por medo de represálias. A advogada Beatriz
Catta Preta, que atuava nas principais delações da Operação Lava Jato, deixou
as defesas em um episódio nunca esclarecido. Genericamente, ela disse ter se
sentido ameaçada.
Veja.com
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