Segundo os investigadores, o empresário integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras
Pecuarista José Carlos Bumlai em depoimento em CPI do Congresso Nacional(Ueslei Marcelino/Reuters) |
O
juiz federal Sergio Moro aceitou nesta terça-feira denúncia contra o pecuarista
José Carlos Bumlai e outras 10 pessoas, transformando o grupo em réu por crimes
como lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e gestão fraudulenta.
Segundo os investigadores, o empresário e amigo do ex-presidente Lula integrou
um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para
operação do navio sonda Vitoria 10000 e a concessão de um empréstimo fictício
para lavar propina que seria encaminhada ao PT.
A transação envolvendo o
navio sonda só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e
ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi
camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de
reais do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras
para operar o Vitoria 10000 e na simulação do pagamento do suposto empréstimo
com a entrega inexistente de embriões de gado.
Em janeiro de 2005,
quando venceu a primeira parcela do empréstimo, o débito continuou sem ser pago
porque, na avaliação do ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin,
"muito embora a Schahin tivesse conseguido contratos com a Petrobras para
operar sondas de águas rasas, os valores ainda não compensariam o empréstimo
concedido". "O empréstimo teria como destinatário real o Partido dos
Trabalhadores, tendo José Carlos Bumlai sido utilizado somente como pessoa
interposta", disse o juiz Sergio Moro ao aceitar hoje a denúncia contra Bumlai.
Segundo o magistrado,
existem indícios suficientes de participação do pecuarista no esquema. Além
dele se tornaram réus hoje a nora do empresário Cristiane Dodero Bumlai e o
filho dele Maurício Bumlai, o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, o lobista
Fernando Baiano, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, os ex-diretores da
Área Internacional da Petrobras Jorge Zelada e Nestor Cerveró e os executivos
do Grupo Schahin Fernando Schahin, Milton Taufic Schahin e Salim Taufic
Schahin.
Em depoimento à Polícia
Federal nesta segunda-feira, pela primeira vez José Carlos Bumlai admitiu que
tomou o empréstimo para repassar os valores ao PT e detalhou que o dinheiro foi
pedido pelo ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares, que alegou que "se
tratava de uma questão emergencial e que o dinheiro seria devolvido
rapidamente". Na transação, o também ex-tesoureiro petista João Vaccari
Neto atuou diretamente, acompanhando a contratação do navio sonda usado para
camuflar o repasse de dinheiro ao partido.
Esclarecimentos
- No despacho em que recebeu a denúncia contra
Bumlai, o juiz Sergio Moro pediu esclarecimentos ao Ministério Público sobre a
situação do ex-presidente do banco Schahin Sandro Tordin, que não foi
denunciado embora, segundo o magistrado, "tenha, aparentemente, participado
objetivamente dos fatos delitivos".
Veja.com
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