Sessão desta quarta foi encerrada pelo presidente da corte, Ricardo Lewandowski. Relator do caso, Fachin negou pleitos que poderiam levar processo à estaca zero
O
Supremo Tribunal Federal deu início nesta quarta-feira ao julgamento em que
definirá o que vale ou não no processo que poderá resultar no impedimento da
presidente Dilma Rousseff. E a sessão não trouxe boas notícias para a petista.
Relator do caso na corte, o ministro Edson Fachin apresentou seu voto ao longo
da sessão - impondo importantes derrotas ao Planalto. O STF analisa a ação em
que o PCdoB pede que os ministros interpretem como deve tramitar um pedido de
impeachment, uma vez que a lei que trata do assunto é de 1950 e o país é regido
pela Constituição de 1988. A sessão foi encerrada pouco depois das 18h40 e será
retomada nesta quinta-feira, com o voto do ministros Roberto Barroso.
Fachin rejeitou os principais pedidos dos
governistas e do PCdoB, à exceção do direito de Dilma ser notificada e poder se
defender antes do parecer final da comissão especial do impeachment na Câmara e
do processo e julgamento no Senado. "Trago apenas uma proposta ao debate
em homenagem a à colegialidade e à segurança jurídica", disse o relator.
O ministro, que
paralisou o processo de impeachment no início do mês por meio de uma liminar
concedida ao PCdoB, era visto entre os próceres petistas como um voto certo em
favor da anulação de boa parte da tramitação das discussões que podem levar à
deposição da presidente. Ele foi indicado por ela para ocupar uma vaga na mais
alta corte do país e havia participado de um ato público em prol da petista nas
eleições de 2010.
Mas ao longo de mais de
duas horas e meia de voto, Fachin disse que não cabe ao Supremo interferir em
um processo político-jurídico com o do impeachment, a não ser para deixar claro
que a Constituição deve balizar todo o andamento do pedido de deposição e
garantir o direito de defesa. O relator negou, por exemplo, a possibilidade de
declarar suspeito o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da condução
do processo - ele é investigado na Operação Lava Jato por suspeitas de receber
propina do escândalo do petrolão e já teve pedido de afastamento protocolado pela
Procuradoria Geral da República.
Desapontou os
governistas o fato de Fachin ter confirmado que cabe à Câmara "expedir
autorização" para que o Senado processe e julgue a presidente - ela só
será afastada quando os senadores instaurarem o processo, além de ter rejeitado
a argumentação de que houve cerceamento de defesa porque Dilma não pode ser
manifestar antes de Cunha decidir se despacharia ou não favoravelmente ao
impeachment. "O recebimento da denúncia operado pelo presidente da Câmara
configura juízo sumário e não há obrigatoriedade de defesa prévia a essa
decisão. A manifestação prévia [deve ocorrer antes] do parecer da comissão
especial", disse.
Em mais uma sinalização
contra o governo, o ministro Edson Fachin afirmou que foi legítima a formação
de chapas avulsas para atuar na comissão especial do impeachment [a governista
foi derrotada] e alegou que não cabe ao Poder Judiciário interferir neste
ponto. Fachin disse que a questão era restrita à "auto-organização do
Legislativo", assim como a validação de uma votação secreta para eleição
dos membros. O governo foi derrotado por 272 votos a 199 na eleição dos
integrantes da comissão especial. "Apesar de a publicidade ser a regra
geral, a própria Constituição admite que o poder possa ser exercido de forma secreta",
disse. "Não cabe ao Poder Judiciário tolher uma opção legitimamente feita
pela Câmara dos Deputados no pleno exercício de uma liberdade política que lhe
é conferida pela Constituição Federal", explicou o relator.
Depois de rejeitar a
possibilidade de defesa prévia, o ministro Fachin afirma que a presidente Dilma
tem direito ao contraditório na comissão especial da Câmara. Ele disse ainda
que no parecer do colegiado sobre a deposição da presidente, é preciso ficar
claro e fundamentado qual crime de responsabilidade a petista teria cometido.
"A oportunidade de contradizer o parecer da comissão especial configura
meio inerente ao contraditório. É induvidoso que o parecer repercute na decisão
do plenário", explicou.
O ministro ainda refutou
o entendimento do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do governo
Dilma de que os senadores poderiam barrar o impeachment mesmo se a Câmara dos
Deputados já tiver decidido pelo impedimento da petista. Para Fachin, ao Senado
caberá apenas a instauração e o processamento do julgamento.
Os demais ministros
devem apresentar seus votos na ação de descumprimento de preceito fundamental
em sessão plenária nesta quinta-feira.
Veja.Com
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