Ministros avaliam que, com o processo de impedimento nas mãos do Senado, a presidente tem mais chances de se salvar
A presidente Dilma Rousseff em reunião com membros da Frente Brasil Popular, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)(Evaristo Sá/AFP) |
O novo rito de impeachment definido nesta quinta-feira pelo
Supremo Tribunal Federal foi comemorado no Palácio do Planalto por dar fôlego à
presidente Dilma Rousseff e representar uma derrota de Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que comanda a Câmara dos Deputados. Na avaliação de ministros que compõem a
coordenação política, Dilma tem agora chance de se salvar, mesmo se a abertura
do processo for autorizada pela Câmara.
Apesar da
base aliada conflagrada, o governo possui maioria no Senado, presidido por
Renan Calheiros (PMDB-AL). O destino de Dilma, em guerra com Cunha, está agora
nas mãos de Renan. A esperança do Planalto, para arrefecer a crise, é de que o
Supremo aceite o pedido da Procuradoria-Geral da República e afaste Cunha,
acusado de manter contas secretas na Suíça com dinheiro desviado da Petrobras.
Logo após o
veredicto do Supremo, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, telefonou para
Dilma, que estava voltando da viagem do Rio para Brasília. "Ela está
segura de que vai vencer essa batalha", disse o ministro. "Considero
que o Supremo cumpriu a nobre função de moderador da República. Creio que a
corte deu a grandeza necessária a um rito processual da relevância do
impedimento no regime presidencialista."
A decisão
do Supremo de ordenar o voto aberto na Comissão Especial da Câmara, encarregada
de analisar o impeachment, também foi considerada uma reviravolta importante
pelo Planalto. A comissão montada com a bênção de Cunha era majoritariamente
contra Dilma.
Depois do
revés sofrido na quarta-feira, quando o ministro Edson Fachin, relator da ação,
rejeitou pontos centrais do processo questionados por Dilma, o governo já
esperava nova derrota. Havia muito desânimo no Planalto. A opinião de Fachin,
no entanto, não foi acatada pela maioria de seus colegas.
"Tivemos
uma vitória por duas razões: uma porque invalida as arbitrariedades do Eduardo
Cunha. O Supremo está dizendo que o que ele fez não vale", afirmou o
advogado Flávio Caetano, que defende Dilma, citando a ordem do Judiciário para
o fim da votação secreta na Câmara e da chapa avulsa na formação da comissão
que analisa o processo. "Além disso, foi definida a regra do jogo porque,
do jeito que a coisa estava, a lei era tirada da cabeça do presidente da
Câmara. É claro que o Senado não poderia ser apenas um homologador, um
carimbador da Câmara".
Toffoli - Chamou a
atenção do Planalto o voto do ministro José Antônio Dias Toffoli, que já foi
advogado do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Toffoli acompanhou
o parecer de Fachin na ação do impeachment e foi contra Dilma. "Se a
presidente não tem apoio de 1/3 dos deputados, fica difícil a
governabilidade", afirmou ele. As declarações de Toffoli, que se aliou até
ao ministro Gilmar Mendes deixaram o governo perplexo.
Em jantar
anteontem com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, Lula disse a ela que o
governo precisa retomar a ligação com os movimentos sociais, se quiser evitar o
impeachment. Ainda ontem, a presidente se reuniu, no Planalto, com
representantes de 67 entidades da Frente Brasil Popular, e prometeu um novo
rumo no governo em 2016.
Veja.com
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